domingo, 16 de fevereiro de 2014


Na porta, o espelho circular do qual saíam triângulos dourados de tamanhos diferentes que imitavam o sol, mostrava aos olhos de quem chegava parte da história que escrevia aquela casa. Era o ritual previsto: observar, ajeitar, e começar a reconhecer trejeitos de quem ali morava.
Ao lado esquerdo um móvel retangular de madeira que serviria de bar. É onde se dá o primeiro conto. Inúmeras pessoas poderiam ser relacionadas a um bar, mas aquele já era carregado de histórias antes mesmo que fosse utilizado. Deitada na rede em frente à janela do lado direito do mesmo cômodo, contos específicos seriam cantados à  quem faziam referência. Àquele bar, amores, amizades e lamúrias seriam impregnados. Naquela rede que se encheria de furinhos de cigarro e farelos de paçoca, memórias em preto e branco esboçariam sorrisos e virariam escritos. Na parede, saltando aos olhos de quem se aconchegasse na rede, poemas, rabiscos, fotos e nostalgias arrancariam no mínimo algum sorriso e qualquer peso do peito.
No tapete que se alinhava com a  referida parede,  debates distrativos seriam desenrolados vez que televisão não teria espaço para promover distrações absurdamente desnecessárias e desinteressantes.
Seria o quarto o lugar menos habitado da casa porque lá habitaria de forma densa a saudade que dói, não a saudade que alivia. Aquela cama seria deixada de lado por várias noites devido ao medo do choro e só seria utilizada quando fosse para ser dividida com um pouco de amor libertário.
Os buracos que a solidão fazia feito cupim naquela casa, seriam remendados  com memórias e novas almas enquanto os sedimentos seriam varridos para debaixo da cama e fugiriam feito poeira quando esta estivesse sendo papel e caneta para mais histórias.

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