terça-feira, 7 de junho de 2011
Que filosofia é essa de só encontrar a dita felicidade quando se está com alguém?Que filosofia é essa de precisar de alguém? Que mania estranha é essa de depositar toda sua confiança em uma única pessoa chamando isso de amor? Que mania é essa de deixar familiares em segundo plano por namoro? Que contradição é essa de querer independência e viver se apoiando em alguém? Por que as pessoas, principalmente a maioria das mulheres, não conseguem se ver felizes sozinhas? Quem foi que disse que as coisas são perfeitas?
Era um coração enorme, havia espaço para todo mundo: pai, mãe, avô, avó, a tia gorda, cachorro…mas ainda assim havia um buraco,daqueles bem grandes e ela não fazia mais nada: não se alimentava direito, não gostava de conversas, não se divertia enquanto todos se preocupavam.O médico não tinha uma resposta para o que acontecia, era só um sentimento estranho de que alguma coisa estava faltando.
datilografado
Era como em um teatro, escrito por mim já que você era o protagonista. E então fomos designados a representar certos papéis.
Olhos escuros, avermelhados, doces e que confusos me indicavam inúmeras direções. Lábios traçados firmemente que me pareciam tão próximos, mas também tão distantes e inalcançáveis que, quando sozinhos, me diziam coisas lindas, mas quando acompanhados me confundiam e eu não conseguia interpretá-los: se eram irônicos, sarcásticos ou literais. Braços tímidos e afáveis, um sorriso encantador. Plurais sintetizados em um singular completamente indecifrável para mim, completamente ambíguo, estranhamente apaixonante. Você.
Olhos nem tão claros, nem tão escuros. Sorriso às vezes brilhante às vezes amarelado. Braços e mãos atadas. Às vezes simpática às vezes ríspida. Às vezes objetiva, às vezes subentendida. Plurais perdidos, dispersos, cacos esparramados. Eu.
Você: alguém que eu repugnava, julgava ser fútil e desagradável. Alguém que eu deveria continuar odiando, alguém que tinha o papel de me iludir mesmo que sem querer. Alguém por quem eu, mesmo que contra todas as vontades e fatos, me apaixonaria, ainda assim racionalmente.
Eu (antes de você): racional, completamente desiludida, sem um fio de esperança, pensamentos claros, idéias concretas, seca, curta e grossa.
Eu (depois de você): sonhadora, esperançosa até certo ponto, simpática, às vezes fofa. Diferente.
Alguns poucos anos mais novo, você realmente não sabe pelo que anseia. Machucado por algum pretérito está bloqueando tudo que há de puro e sincero, está alérgico a amor. Com um pouco mais de idade eu já havia aprendido que não se deve generalizar os relacionamentos e estava preparada tanto para o que eu queria quanto para me decepcionar mais uma vez. E então continuei escrevendo esse maldito teatro. Nós nos fundiríamos quando pudéssemos e eu fingiria não me importar, enganaria a mim mesma. Mas mulher confunde e complica todo tipo de relacionamento e comigo não seria diferente. O ódio que sentia por você se tornaria amor enquanto você continuaria jogando, estagnado e então eu decidisse que você precisaria saber dessa transformação. Eu contaria e você diria ser loucura, que estava fora das regras do jogo, mas ainda assim eu não desistiria.
Enquanto você permanecia intocável eu me desgastava, me cansava em te ter somente como obras da minha imaginação, em te ter somente em sonhos. Eu não era assim e essa mudança estava me esgotando. Decidi desistir.
Decidi desistir e você resolveu mudar, resolveu me procurar, quem sabe mudar. Os diálogos entre nós haviam sido alterados, eu podia notar a diferença, eu podia notar você se aproximando cada vez mais, mas eu já me negava a sentir qualquer coisa. O jogo havia mudado, os papéis se inverteram.
Um teatro mal feito, inacabado, infindável.
domingo, 5 de junho de 2011
O Sol já raiara enquanto,sozinha,na varanda e coberta por uma manta eu me sentia digna de ser admirada.Calça clara,cachecol e camisa xadrez,tornaram-se clássicos para mim.Tanto tempo havia se passado e eu ainda sentia o seu cheiro e observava a a sua camisa em cima da poltrona.O seu fantasma continuava a me assombrar fazendo com que eu continuasse a vivenciar o momento em que esteve ao meu lado,fazendo com que eu sorrisse e em seguida lamentasse a sua perda,ou a sua não-posse.Eu fui incapaz de alterar a sequência dos móveis,os livros na estante e a poltrona coberta pela sua camisa continua intocável para que eu me engane,para que eu possa me lembrar com mais precisão de que você nunca foi meu realmente,de que foi só mais um amor de verão,só mais um sentimento em vão,um amor platônico.E enquanto eu tento refazer o meu coração eu lhe vejo passar na estrada sorrindo e me ignorando,sorrindo e me esquecendo.
Eu não queria acreditar que fosse dar certo mas eu acreditei,eu tentei, eu te busquei pra mim mas você não veio.Eu me frustrei mais uma vez.Você dizia palavras que me tocavam, você era carinhoso mas você parecia confuso e apressado demais.Você queria muitas coisas ao mesmo tempo, talvez muitas pessoas ao mesmo tempo.Eu entendo, são coisas da idade.Idade essa que eu já passei, confusão que eu já desfiz.E eu queria só você mas agora eu me cansei.
Quando digo que sou melhor sozinha entenda que isso se explica pelo fato de que eu sou/estou sempre sozinha e tenho que me acostumar com a realidade.Já me acostumei com o fato de que sempre que eu preciso e chamo por alguém, ninguém me ouve, ninguém se preocupa.Só se preocupam em vigiar minha vida, em me julgar somente pelos meus erros, em me pré-conceituar.Só se lembram de mim quando precisam de palavras que lhes façam sentir melhores, quando precisam de alguém que lhes ouçam.Eu tenho estado bem melhor sozinha.
Eu não sei explicar o que se passa dentro de mim, por favor se você consegue entender me explique.Diga-me o que fazer.Eu prometi a mim mesma que não iria me importar mas agora eu não tenho motivo nenhum para continuar,eu repugnava essa história de precisar de alguém para me sentir bem e acabei me tornando uma pessoa incompleta.Eu não posso mais fingir que está tudo bem quando o que eu mais faço é sentir uma vontade imensa de você, de ter você.Por que tem que ser assim?Por que tem que dar tudo errado?O que eu fiz de errado?Tantas perguntas,tantas respostas e somente uma justificativa : você!
Talvez eu passe por uma estrada que me faça lembrar você,talvez eu fique parada nela por horas observando-a e sorrindo,talvez quando eu for embora o vento leve minhas lágrimas para bem longe,estarei me cicatrizando quando isso acontecer.E talvez eu esbarre com você por aí e te ignore,e você faça-me o favor de não me cobrar um abraço pois você o perdeu quando desprezou o que eu sentia.Deixe-me cicatrizar em paz.
Talvez você não saiba, talvez você saiba e só finja que não,mas é você com quem eu gostaria de estar agora.Repetindo todos aqueles momentos que já passamos juntos falando besteira,sorrindo só e trocando olhares em silêncio,sentido nossa respiração,e às vezes sem precisar dizer uma palavra conversávamos;com os olhos.Ah… lindos olhos.
E hoje tudo que eu desejava,tudo aquilo que eu sonhava se tornou concreto,foi realizado mesmo que por uma noite.Todos os meus medos foram embora enquanto você sorria, me abraçava e dizia que o que o seu coração falava com batidas aceleradas se chamava ‘amor’.Era tudo que eu precisava ouvir.Palavras que eu continuo ouvindo meio ao silêncio.Agradeço ao acaso por não ter sido apenas um sonho,agradeço a você por ter levado embora todos os meus medos e deixado meu sorriso e minha memória.Memória eternizada.
Eu aprendi a controlar os meus sentimentos, eu aprendi a impor uma barreira sólida entre o meu mundo e o seu.Agora é frio e eu não me importo,minhas lágrimas foram congeladas e já não escorrem mais.Aprendi que não vale a pena pois ainda é muito cedo pra você me aquecer mas eis a questão:até quando vai ser cedo demais ?
Vejo histórias se repetindo,especificamente a minha história se repetindo, em outros corpos, outras pessoas.Será que eu sou o problema? Será que só eu consigo enxergar? Eu tentei avisar, eu te alertei no tempo certo, coube a você acreditar ou não mas você preferiu depositar tudo de todos os seus sentimentos em uma só pessoa, você escolheu deixar alguém te atar as mãos, os pés, os olhos, o coração! E agora esse alguém está indo embora aos poucos e levando embora tudo aquilo que fora depositado, tudo aquilo que fora bom e lhe fez sorrir. Se você não tomar cuidado outros sentimentos ocuparão o lugar daqueles que eram lindos.Ódio, tristeza, vingança, anestesia.Você será incapaz de amar alguém tão puramente novamente, confiança será algo inexistente e você vai se tornar uma pessoa fria, isso, assim como eu e vai se lembrar de que eu lhe avisei.Passarás a desistir facilmente das pessoas, vai se sentir tão bem sozinha e vai finalmente entender a tão famosa frase tão simplesmente ignorada : contos de fadas não existem.
Quando nossos valores mudam, quando a gente aprende a viver bem com nós mesmos, quando conseguimos sorrir e seguir sozinhos, quando somos capazes de passear pelo pretérito “perfeito” errado sem chorar, quando aceitamos o presente.É quando, aí sim, começamos a ficar mais velhos,ou maduros como preferir.
Tento passar o maior tempo possível na minha bolha, nos meus livros, meus cafés, porque é quando eu não preciso explicar nada pra ninguém, eu não preciso conversar com ninguém. Essa coisa de ter que sorrir e conversar nunca me agradou, o silêncio sempre me pareceu encantador.Assim como as estórias que eu crio quando em minha bolha, os diálogos jamais concretizados, os momentos jamais vividos, o frio que nunca me abandona.Seria tão difícil assim entender que eu conseguiria passar dias, semanas sem sequer sair do quarto? Seria isso tão impossível de se fazer? Sim, por instantes eu tenho que afastar da bolha ou pelo menos deixá-la permeável, mas isso dificilmente vai acontecer.Logo, dou alguns passeios, faço algumas viagens, visto minha máscara de viver, uma máscara tão pesada, seria tão mais fácil carregá-la se você me ajudasse, mas você nunca vem, você não chega logo, não se entrega e não me deixa, só me confunde.Sem problemas, eu, mais que ninguém sei que o que crio não passam de contos de fadas, mas contos de fadas diferentes; são os meus contos, e eles jamais têm um final feliz.Eu aprendi a sonhar sem me machucar.
Agora sim eu posso dizer que me sinto um tanto aliviada.Finalmente eu fui capaz de dizer o que queria, as palavras simplesmente foram lançadas ao ar e não foi tão ruim quanto eu esperava ser.Ainda posso me dizer confusa, ainda posso lhe chamar de indecifrável, ainda não sei o que pensas sobre nós, ou sobre mim,e sobre você.A tarefa está inacabada, a esperança ainda circula mas a minha razão grita mais alto, estou pronta para me decepcionar mais uma vez só estou esperando você.
Como de costume aqui estou mais uma noite sentada em nosso passado.Em transe.Revendo e perpetuando tudo aquilo que vivemos. Estou deitada ao seu lado em nossa cama retribuindo o carinho que me fazes no rosto,sorrindo sem perceber, tentando fazer o tempo passar lentamente,lhe assistindo em câmera lenta, me apaixonando pela sua fragrância, sentindo suas palavras me tocarem e sua voz ecoar em minha mente.Estou ouvindo a frase que jamais vou esquecer.Estou formulando frases que não vou ter coragem de dizer e pensando se me arrependerei por isso. Nós nos levantamos, o tempo passara muito rápido e você deve ir embora.Estou te levando até a porta, lhe segurando pela mão.Eu não quero deixá-lo ir.Abro a porta contra minha vontade, você me beija e se vai.Corro à janela afim de admirá-lo um pouco mais, você acena e segue.Segue levando o brilho dos meus olhos, o meu sorriso e tudo que há de bom.Leva consigo todo meu amor e deixa apenas a saudade e a esperança.E então eu me arrependo por não ter dito tudo que queria, por não ter lhe pedido que ficasse mais um pouco, talvez se mudado, por que não? Seria uma ótima idéia. Está tudo no mesmo lugar, tudo intocável esperando você voltar.O tempo está passando tão devagar agora que você se foi e eu penso se ainda há tempo de lhe dizer tudo que fora formulado.Parece cedo demais.Parece tarde demais.Estou tão cansada de te esperar, tão cansada de me sentar aqui todas as noites sem você, o passado está ficando tão distante e eu tenho tanto medo que você o esqueça ou o ignore. Então a coragem resolve tomar conta de mim, decido eu que é necessário falar.Reformulo todas as frases,está na hora.Pronto.Agora você já sabe, eu lhe contei sobre o que sinto e você já teve tanto tempo para lembrar o caminho de volta, ao menos deixe-me buscá-lo,por favor, encontre-me no nosso futuro.
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